Em média, 42% do processamento das empresas do Brasil já se encontra na nuvem

A nuvem é uma tendência irreversível no mercado de tecnologia. Em média, 42% do processamento das empresas do Brasil já se encontra na nuvem. Nos próximos dois anos esse percentual deve crescer mais 10%, com o processamento de dados na nuvem ultrapassando 50%, segundo pesquisa da FGV sobre o uso de TI nas empresas.

“Cada vez mais as organizações compreendem que não precisam ‘migrar’ para nuvem e sim ‘adotar’ a nuvem”, destaca Arley Brogiato, CEO da uni.cloud, empresa provedora de serviços na nuvem. De fato, em todo o mundo a tendência para a computação em nuvem é de crescimento. Em novembro, o Gartner estimou que os gastos globais com nuvem poderão chegar a U$ 678,8 bilhões em 2024, um aumento de 20,4% em comparação com os U$ 563,6 bilhões registrados em 2023. Isto pode representar mais de U$ 20 bilhões apenas no Brasil.

Os gastos globais com nuvem poderão chegar a U$ 678,8 bilhões em 2024, diz o Gartner

Para Brogiato, este alto investimento deve-se ao aumento da conscientização dos gestores quanto à fragilidade de suas estruturas e à necessidade de dar às organizações maior dinamismo no mercado atual. O ponto sobre a fragilidade da infraestrutura local é especialmente importante quando se leva em conta os custos de um downtime. De acordo com o Instituto Ponemon, em 2020 o custo médio de uma parada não programada no Data Center foi de €6.850 euros por minuto, cerca de R$ 36 mil hoje.

Da mesma maneira, um relatório do Uptime Institute também apurou os impactos das interrupções de TI e da indisponibilidade nos Data Centers, a partir de entrevistas realizadas em 2022. Um quarto dos entrevistados afirmou que a interrupção mais recente chegou a custar mais de U$ 1 milhão, considerando despesas diretas e indiretas.

Outros 45% disseram que estas interrupções custaram entre U$100 mil e U$1 milhão.  Ou seja, mais de dois terços de todas as falhas custaram mais de U$100 mil. Para Brogiato, isso demonstra que o investimento em resiliência e em alternativas seguras, que garantam alta disponibilidade, se tornaram uma necessidade imperativa. “A nuvem permite que as organizações tenham redundância e um maior tempo de disponibilidade do ambiente, reduzindo o downtime e os problemas de performance.”

Revendas em adaptação

Apesar da alta demanda e do cenário favorável à cloud, muitos integradores ainda estão focados em oferecer produtos tradicionais, no formato CapEx. “Sabemos como é difícil para algumas organizações saírem da zona de conforto, mas sabemos também que muitas estão deixando oportunidades passarem”, comenta Brogiato.

Para o especialista, se não incluírem um portfólio de nuvem, os integradores acabam abrindo espaço para os concorrentes. “É o espaço que o concorrente precisa para colocar um pé nos clientes, atendendo uma demanda pontual, como de continuidade dos negócios, e eventualmente assumindo outras responsabilidades no futuro.”

Ele destaca que essa abordagem, caso não seja avaliada, pode ser perigosa para a sobrevivência das revendas tradicionais, que estão deixando de lado um segmento com grande potencial de crescimento e fidelização. “Muitos clientes podem se beneficiar da nuvem, pois têm necessidades variadas e dinâmicas que nem sempre podem ser atendidas por soluções padronizadas e engessadas. Além disso, as empresas possuem um orçamento limitado e buscam sempre reduzir custos e riscos, algo que a cloud facilita”, afirma Brogiato.

As revendas que souberem aproveitar estas oportunidades podem aumentar a sua receita e ao mesmo tempo se tornarem consultores para as necessidades futuras dos clientes. “Ao invés de venderem produtos isolados e pontuais, elas poderão oferecer soluções integradas e personalizadas, que atendam às demandas específicas de cada cliente”, diz Brogiato. Assim, poderão gerar uma receita recorrente, baseada em assinaturas ou consumo, que garanta uma maior previsibilidade e rentabilidade.

Além disso, a nuvem permite que as revendas abram portas para novas oportunidades de negócio, como a otimização de custos e a melhoria da infraestrutura, oferecendo ferramentas e serviços de monitoramento, análise e gestão da nuvem. “Ao oferecerem soluções inovadoras, de valor agregado e flexíveis, que permitam o crescimento ou a redução de um ambiente ao passo de um clique, os integradores poderão conquistar e fidelizar uma base maior de clientes cada vez mais exigentes e mais informados”, conclui Brogiato.