Luis Banhara é diretor-geral da Citrix Brasil

O ambiente de trabalho atual está mudando rapidamente. Os colaboradores estão mais desafiadores, mais exigentes e esperam mais de seus empregadores. O desafio do futuro do trabalho consiste em aumentar o engajamento, a produtividade e a experiência dos funcionários. A relação entre esses três pilares já é bem conhecida pelos principais gestores mundiais.

 Mas aonde entra a afirmação do título deste artigo?

 De acordo com a pesquisa O trabalhador digital em 2019, realizada pela Citrix em diversos países da América Latina, um total de 59,02% dos entrevistados brasileiros respondeu que o fator mais importante na hora de escolher um emprego é a possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional, ficando atrás apenas do salário (82,79%). A pesquisa também revelou que esse também é considerado o principal benefício do trabalho remoto na visão dos entrevistados (34,43%), ou seja: poder equilibrar vida pessoal e profissional, além de ser um dos principais fatores de atração e fidelização de talentos.

 Porém, há um contrassenso: apesar da maioria das empresas brasileiras permitir o acesso a informações com dispositivo pessoal (71,79%), fornecendo inclusive ferramentas para isso, a maior parte delas (68,03%) não permite o trabalho remoto.

 Quer dizer, a tecnologia para o trabalho remoto já existe e está disponível, mas essa modalidade de trabalho ainda não é amplamente adotada no país. O que é um desperdício de engajamento – e de dinheiro – para as empresas.

 Nos tempos atuais, podemos observar cada vez mais pessoas trabalhando em diferentes locais que não a sede de sua empresa, de coworkings a quartos de hotel. Essa tendência acompanha a flexibilização das empresas – que acontece ainda de forma insuficiente ­– mas também acontece por conta da popularização e disponibilização de espaços de trabalho inteligentes (e remotos).

 Alguns dos mais “tradicionalistas” devem relutar ao deixar seus colaboradores sem supervisão, muito provavelmente por acharem que eles ficarão mais suscetíveis a interferências externas ou distrações que possam comprometer seu engajamento para com as tarefas. Mas será que esse temor tem fundamento?

 De acordo com os próprios colaboradores: não!

 Do total de entrevistados no Brasil, 34,43% afirmaram que sua produtividade trabalhando remotamente é superior comparada à quando trabalham alocados. 51,64% afirmaram que a produtividade se mantém, e apenas 13,93% responderam que são menos produtivos trabalhando remotamente.

 Como já mencionei no início, todo grande gestor conhece a relação entre experiência, engajamento e produtividade. Ao não permitir o trabalho remoto, mais da metade das empresas do Brasil está “sabotando” esta equação e, consequentemente, seus próprios resultados.

 Com o correto uso das tecnologias mais recentes, é possível garantir segurança, facilidade e integração de processos – mesmo longe da sede da companhia.