Clientes acostumados a fazer todas as transações financeiras presencialmente e que não se sentiam confortáveis, preparados ou seguros no ambiente online faziam da ida ao banco um dos principais programas do dia. No entanto, com a chegada da pandemia, uma nova realidade se impôs, e outros canais, como site e aplicativos, tornaram-se a alternativa mais prudente. O movimento fortaleceu e acelerou a digitalização que já estava em curso no setor financeiro, mas que ainda não atingia todas as faixas etárias, notadamente os mais maduros, ainda resistentes à inovação.

Para além de usar as opções digitais das grandes instituições, os mais experientes deram um passo adiante e também aderiram aos bancos digitais e a serviços normalmente procurados por um público mais jovem e familiarizado desde cedo com a tecnologia. Pesquisa recente feita pelo Ibope em maio com cerca de 200 pessoas acima de 55 anos revelou que 45% deixaram de ir às agências bancárias, enquanto 42% passaram a utilizar mais canais online durante a quarentena. Ainda segundo o levantamento, 27% disseram acreditar que o banco digital oferece mais vantagens do que o tradicional.

No segmento das fintechs de crédito, que já nasceram em um ambiente totalmente digital e disruptivo, os mais experientes também estão presentes, com potencial para aumentar ainda mais sua participação. De acordo com o estudo “A Nova Fronteira do Crédito no Brasil”, feito em parceria entre a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e a consultoria PwC Brasil, o primeiro a analisar o setor no país, os maiores de 60 anos já eram 4% dos clientes das fintechs no ano passado, muito antes de a pandemia promover a democratização dos serviços digitais.

“A tendência é que, por causa do isolamento social e aumento da demanda por crédito, o número de clientes nessa faixa etária aumente consideravelmente entre as fintechs”, aposta Rafael Pereira, presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD).
De acordo com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, número que representa 13% da população do país. E esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo instituto.

“Essa parcela de consumidores terá cada vez mais relevância econômica e papel ainda mais determinante na sociedade. Daí a importância desse movimento de digitalização em curso e da democratização que ganha força na pandemia. Trata-se de um caminho sem volta e que trará benefícios para todos”, finaliza Pereira.