Percentual de empreendedoras que vendem pela internet, usam redes sociais e inovam em produtos e serviços é superior ao de empresários do sexo masculino, aponta pesquisa do Sebrae

 

A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus atingiu, de forma praticamente indistinta, homens e mulheres que empreendem no Brasil. Entretanto, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, as mulheres empreendedoras demonstraram maior agilidade e competência ao implementar inovações em seus negócios.

De acordo com o levantamento, a maioria das mulheres (71%) faz uso das redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos. Já o percentual de homens que utilizam essas ferramentas é bem menor: 63%. Essa vantagem das mulheres diante dos empresários também foi verificada no uso do delivery e nas mudanças desenvolvidas em produtos e serviços.

Pesquisa apontou que 63% delas possuem ensino superior contra 55% dos homens

A 7ª pesquisa sobre o Impacto nos Pequenos Negócios, realizada entre os dias 27 e 31 de agosto, revelou que a maioria dos empresários registrou uma diminuição do faturamento mensal, a partir do início da pandemia, com uma situação ligeiramente pior para as mulheres (78%), em comparação com os empresários do sexo masculino (76%).

Por outro lado, elas passaram – por força das medidas de isolamento social – a utilizar mais as vendas online do que os homens (34% delas contra 29% dos empreendedores). As mulheres donas de negócios também inovaram mais na oferta de seus produtos e serviços (11%) contra 7% dos homens; e usaram mais os serviços de delivery (19%), enquanto 14% dos empresários passaram a adotar essa mesma estratégia.

Dianalu de Almeida Caldato, gestora do Programa Sebrae Delas do Sebrae/PR, aponta alguns motivos que levam ao resultado da pesquisa. “As mulheres, em média, têm grau de escolarização maior dos que os homens, o que significa que estão mais preparadas para buscar alternativas. A pesquisa apontou que 63% delas possuem ensino superior contra 55% dos homens. Elas também são mais jovens (24% delas têm até 35 anos contra 18% deles), têm perfis ligados às dinâmicas de transformação digital e estão mais conectadas”, explica Dianalu.

A consultora do Sebrae/PR observa que a pandemia forçou os empreendedores a saírem da zona de conforto, acelerando assim o processo de digitalização dos negócios. “A inovação apareceu na reinvenção de negócios, no modelo de entrega, nos atendimentos e até na criação de novos produtos ou serviços. A necessidade do cliente não deixou de existir, o que mudou foi a forma de relacionamento”, contextualiza Dianalu.

Ainda de acordo com os dados da pesquisa, as mulheres têm se mostrado mais avessas a empréstimos bancários do que os homens. Desde o início da crise, 54% dos empresários do sexo masculino buscaram crédito enquanto a proporção de mulheres é praticamente a oposta: 55% delas não buscaram empréstimos.

Outro aspecto que também mostra uma diferença significativa de comportamento entre homens e mulheres é o percentual de endividamento. Enquanto a maior parcela dos empresários (37%) tem dívidas/empréstimos em dia, a parcela mais representativa das mulheres é aquela que afirma não ter dívidas (36%).

Local de trabalho

Em sintonia com dados históricos do Sebrae, o último levantamento mostrou que há uma predominância das mulheres que empreendem em casa (35%), em comparação com os homens (29%). Em geral, essa situação se dá em razão das mulheres buscarem compatibilizar a rotina do negócio com as demandas da família.

A pesquisa também revelou que a maioria dos empreendedores está em processo de reabertura, com ligeira vantagem para as mulheres (76%) em relação aos homens (75%).