Raphael Mello é CEO da LTM

 

Desde que Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook (agora Meta), deixou clara sua intenção de investir significativamente na construção do metaverso, em meados do ano passado, praticamente todos os setores da economia estão procurando uma forma de participar dessa experiência virtual imersiva e interativa.

Já existem alguns exemplos do que chamam de metaverso, como as plataformas ‘Decentraland’ e ‘The Sandbox’, que produzem experiências de simulação virtual, ou seja, permitem que um avatar se encontre com outras pessoas, participe de jogos, compre e venda bens virtuais e se engaje em diversas atividades. Porém, são sistemas individuais que não se comunicam entre si.

Mesmo assim, 6% dos brasileiros (5 milhões de pessoas) já transitam por alguma versão do metaverso, de acordo com o Kantar Ibope Media. Segundo a Gartner, um em cada quatro usuários de internet vai gastar ao menos uma hora por dia nesses mundos virtuais até 2026.

Embora esses números sejam animadores, o desafio é criar um ambiente virtual neutro (sem dono), único e integrado, como uma cidade, em que as pessoas, por meio de seus avatares ou por óculos de realidade virtual, possam entrar e interagir. Para isso, a tecnologia e dispositivos ainda precisam evoluir bastante, já que a criação deste universo vai depender da combinação de avanços em realidade virtual, blockchain, inteligência artificial, aumento de conectividade, assistentes de voz, programas de tradução simultânea de idiomas,  ambiente 3D e gamificação, entre outros.

Isso não impede que algumas marcas, como Louis Vuitton, Gucci e Nike, já façam negócios no Metaverso. Por enquanto, muitas empresas estão vendendo NFTs, e não produtos do mundo real. A Bloomberg Intelligence já prevê que, em dois anos, o Metaverso transacione US$ 800 bilhões.

Porém, no futuro, nada impede que o usuário compre bens físicos no metaverso. Vai ser possível ir a um supermercado, escolher e colocar produtos no carrinho de forma muito mais fácil, dinâmica e rápida, programando a entrega em casa. Roupas, calçados, viagens e até carros poderão ser comercializados no universo virtual.

Nestes estágios iniciais de sua concepção, não sabemos ainda como o metaverso tomará forma. Mas, para os grandes varejistas, já fica o questionamento de como gerar rentabilidade neste ambiente. Para o pequeno e médio empresário, tudo isso pode parecer ficção científica. Muitos ainda estão começando a sua jornada digital e ainda não exploraram plenamente todas as oportunidades do e-commerce. Porém, de fato, há a possibilidade concreta do comércio, como conhecemos hoje, ser bem diferente. Basta lembrar que as gerações Z e Alpha, os grandes consumidores do futuro, são compostas por nativos digitais que já estão acostumados com os ambientes imersivos dos jogos online.