Segundo estudo da A.T. Kearney, epidemia, estimulada pelo trabalho remoto, pode afetar produtividade; organizações precisam criar programas que desenvolvam o senso de pertencimento nos colaboradores

A A.T. Kearney, consultoria global de gestão estratégica, divulgou recentemente o Global Trends 2019-2024, em que elenca as tendências de mercado, econômicas, de saúde ou infraestrutura que mais impactarão o cenário e o ambiente operacional em todo o mundo nos próximos cinco anos.

Em sua mais recente edição, o estudo aponta a epidemia de solidão como uma dessas tendências, e alerta para os impactos que ela pode ter não apenas na saúde das pessoas, mas também na produtividade das empresas.

Segundo a análise, fatores como as mudanças de padrões e comportamento nos ambientes mais modernos de trabalho e o uso excessivo das redes sociais, entre outros, darão a essa tendência de solidão o status de epidemia. E além do impacto na saúde física e mental dos cidadãos, ela também acarretará a perda de produtividade nas empresas.

Segundo o Global Trends, a Geração Z é a mais solitária e afirma estar em piores condições de saúde do que as gerações mais velhas

De acordo com o estudo, a solidão e o reduzido senso de pertencimento no ambiente de trabalho devem impactar o ambiente corporativo como um todo. A análise indica ainda que o número de trabalhadores remotos cresceu 115% entre 2008 e 2018, e são justamente esses colaboradores os mais propensos a desistir do trabalho por causa da solidão.

“É fundamental promover ações de socialização, como happy hours, reuniões e treinamentos presenciais para despertar nos colaboradores o sentimento de que ele é parte do grupo e importante para a empresa”, sugere Sandra Strongren, gestora da área de Recursos Humanos da A.T. Kearney no Brasil.

“Outra boa prática é a adoção de programas de mentores. O colaborador escolhe alguém mais sênior para que seja uma espécie de tutor dentro da companhia. É para essa pessoa que ele pedirá conselhos sobre sua vida profissional”, diz Sandra, lembrando que esse tipo de política ajuda a desenvolver no funcionário os sensos de direcionamento, inclusão e propósito.

O estudo da A.T. Kearney aponta ainda que ter amigos no trabalho importa, especialmente para os profissionais mais novos. Segundo o levantamento, 74% dos da Geração Z (nascidos a partir de 1995) e 69% dos Millenials (1980 – 1994) dizem que tendem a ficar numa companhia quando têm mais amigos ali. Os índices se comparam a 59% dos trabalhadores da Geração X (1965 – 1979) e 40% dos Baby Boomers (1945 – 1964) com a mesma opinião.

Segundo a A.T. Kearney, o ideal é que as empresas criem oportunidades para interação significativa entre os seus colaboradores. Além disso, a consultoria indica a construção de uma cultura de bem-estar, incluindo desde a criação de uma atmosfera de boas-vindas para os novos contratados até cursos relacionados a saúde da família e nutrição, por exemplo.