Marcus Rossetti é CEO da Blocks e membro do Conselho Editorial da Channel 360º
Hackathons são uma febre, crescendo e se popularizando na esteira da onda da Inovação Corporativa. Em grandes centros, como São Paulo ou Rio de Janeiro, dificilmente uma semana se passa sem que uma empresa renomada realize algum deles, mas inúmeras cidades de médio porte espalhadas pelo país também têm promovido Hackathons nos mais diversos formatos, provando que essas dinâmicas deixaram de ser uma atividade restrita ao nicho das Startups e conquistaram corações e mentes dos executivos das grandes empresas.
O que muitos não se deram conta é que, deixando de lado suas origens técnicas onde Hackathons significavam um monte de programadores ao redor de uma mesa comendo pizzas e escrevendo código, os Hackathons atuais são principalmente desafios de negócios. Áreas como RH, Marketing, Logística, Finanças e até o Jurídico começaram a aderir ao conceito mais amplo de Open Innovation, e perceberam que trazer parceiros para ajudar a pensar soluções para seus dilemas poderia render excelentes frutos.
Mas por que uma empresa de TI deveria participar de um Hackathon de negócios? Afinal, empresas de Tecnologia não entendem de negócios, e quando todas as dinâmicas forem concluídas essas áreas de negócios serão obrigadas a chamar as suas áreas de Tecnologia para implantar alguma solução, e nesse ponto nós seremos chamados para mostrar nossos produtos como sempre aconteceu, certo? Errado. O mercado mudou, seus clientes mudaram, e as áreas de negócios ganharam enorme autonomia no desenho e escolha de soluções, especialmente as mais inovadoras.
Aqui vão quatro bons motivos para uma empresa estabelecida de TI participar, mesmo que esporadicamente, de Hackathons:
Uma forma de testar e ampliar conhecimentos de processos de negócio
Não existe melhor forma de mergulhar na realidade e nos processos de negócios do que um Hackathon, a necessidade de se preparar para entender e analisar os desafios que serão expostos obriga os participantes a sair da análise superficial e se aprofundar nos “comos” e “porquês”, um aprendizado que costuma render frutos positivos por muito tempo depois da dinâmica.
Um ambiente para debater problemas em seus estágios iniciais
Quando somos chamados pela área de TI para apresentarmos uma “solução” para um projeto de negócios, estamos na realidade sendo chamados para apresentarmos produtos e serviços para uma solução que já foi concebida muito antes da nossa chegada, para um problema de negócio que talvez nem cheguemos a conhecer por inteiro. Hackathons são a oportunidade de conhecermos de perto os problemas reais de negócios que originam boa parte dos nossos projetos, e isso é um aprendizado essencial.
Uma oportunidade de exercitar a análise de cenários e o desenho colaborativo de soluções
Prospecção, vendas, pré-vendas, proposta e delivery, essa é a linha de produção compartimentada que sustenta as empresas de TI, e ao mesmo tempo é o que nos afasta das necessidades reais dos clientes e nos impede de pensar fora da caixa. Um time tradicional que participa de um Hackathon é diversificado e não hierárquico, profissionais de vendas, de pré-vendas e de projetos precisam, por algumas horas, deixar seus processos de lado e focarem juntos e em tempo real no problema do cliente. O sucesso num Hackathon depende de agilidade, trabalho colaborativo, criatividade e extremo foco no problema a ser resolvido, e as equipes que participam dessas dinâmicas lavam esse aprendizado consigo.
Uma maneira de exercitar o processo de Inovação
Inovação não é uma tecnologia nova, inovação é uma forma de pensar, uma postura, uma atitude, e incorporar essa cultura aos processos corporativos é um imenso desafio. Nesse sentido, Hackathons são uma “sacudida” periódica na mesmice e na acomodação que lentamente enferrujam as empresas.