Escola do futuro envolve robótica, gameficação, simulações e laboratórios virtuais, diz professor da Fundação Dom Cabral

 

Em estudo publicado recentemente, Paulo Vicente, professor associado da Fundação Dom Cabral, a nona melhor escolha de negócios do mundo segundo ranking da revista Financial Times, apresenta o conceito de escola estúdio como o futuro da educação. Segundo ele, é provável que as escolas do futuro funcionem de maneira parecida com estúdios de televisão ou de filmes.

Muitas tendências de longo prazo foram aceleradas pela pandemia do coronavírus. Uma delas a educação à distância. Analisando essa e outras tendências do futuro do trabalho e da educação, Vicente apresenta a escola estúdio como a resposta para o enigma de como oferecer educação de alta qualidade em ampla escala – ou seja, para milhões de pessoas.

Características da escola estúdio

Uma grande fortaleza da escola estúdio é que ela tem a capacidade de reunir conteúdos excepcionais com alto engajamento. “O aprendizado que envolve experiências significativas é o futuro da educação”, diz Vicente. Veja mais características do novo conceito.

A distância

O modelo de escola estúdio só é possível se for entregue a distância. Por isso, deve contar fortemente com o aprendizado por meio de experiências – majoritariamente no formato de vídeos, games, simulações e laboratórios virtuais.

Inteligência artificial

Algumas aulas seriam ministradas remotamente por inteligências artificias ou professores robôs, capazes de detectar pontos a melhorar do aluno e recomendar outros materiais para fixar o aprendizado.

Aprendizado na prática

Ferramentas como games, simulações, cases interativos e laboratórios virtuais serão essenciais para fundir a prática com a teoria. Segundo Vicente, essas atividades mais que compensaria a falta de interação física à medida que podem ser feitas em grupo também.

Menos para educação primária

Vicente entende que esse modelo teria alta eficácia para o ensino fundamental II (da 5ª a 9ª série), para o ensino médio, para a graduação e para pós-graduação e doutorado. O modelo tradicional seria necessário, todavia, para a educação primária.

Estrutura física

Os grandes campi que, por muito tempo foram considerados como diferenciais das universidades mundo afora, serão vistos como custos fixos dos quais fará sentido se livrar. Essa estrutura poderá ser vendida para criar caixa, reduzir custos e investir em novas tecnologias.

Distribuição

Os conteúdos serão distribuídos usando e combinando alguns modelos de negócios diferentes, como assinatura on demand, marketplaces, pagamento por uso. Não está claro ainda qual deve prevalecer. Escolas mais famosas devem preferir o modelo de subscrição, criando um marketplace. Instituições menores devem apostar no pay-per-use.

Estratégias de diferenciação

Serão parecidas com as da indústria de filmes atuais. Conteúdos exclusivos, de alta qualidade e, principalmente, originalidade, serão peças-chave para manter uma audiência leal. Pesquisa e engajamento serão também serão características importantes de diferenciação.

Fusões e aquisições

Vicente acredita que, à medida que as indústrias da educação e de entretenimento se aproximam, não é improvável que ocorra uma série de fusões e aquisições. Assim como vimos no século passado com as indústrias cinematográficas, televisivas, de publicações impressas e de internet.

E os empregos dos professores?

Vicente acredita que a redução nos custos das escolas no futuro deve permitir o aumento da demanda – o que deve criar mais empregos que destruir. Além dos professores e outros cargos que compõem o modelo tradicional, serão necessários profissionais para programar inteligências artificiais, criar conteúdos (jogos, laboratórios virtuais, exposições virtuais, vídeos, cases, palestras), orientar alunos, ministrar palestras, entre outros. “O setor vai precisar de uma combinação de competências”, diz Vicente.