Durante muito tempo, a análise de dados parecia algo que interessava apenas a empresas e profissionais de tecnologia. Afinal, a capacidade de fazer insights e interpretar as informações era algo muito atrelado a questões técnicas de programação e cálculo. Entretanto, quanto mais as ferramentas de data analytics se desenvolveram, foi ficando mais clara a importância dos dados para a sociedade em geral.

Dados podem servir para melhorar sistemas de informação, produtos tecnológicos e softwares. Mas também são uma moeda valiosa para melhorar a vida de toda a população, ajudando os poderes públicos a prevenir doenças e epidemias, melhorar o fluxo de transporte de grandes cidades, mapear e evitar casos de violência, solucionar problemas de infraestrutura.

“Os dados estão aí e são para todos. O poder público precisa encontrar formas de utilizar essa tonelada de informações que tem à disposição para promover políticas que melhorem de verdade a vida das pessoas”, afirma Edson Bispo, diretor comercial para Governo da Hitachi Vantara.

A seguir, veja alguns setores nos quais a análise de dados pode ser uma aliada importante do poder público:

1. Saúde

O início de 2020 foi marcado pela preocupação global com o coronavírus surgido em Wuhan, na China. Em algumas semanas, o microrganismo se espalhou de um mercado de frutos do mar na cidade chinesa para mais de 20 países em 4 continentes. Esse problema poderia ter sido reduzido com o uso efetivo de tecnologias de análise de dados que cruzassem informações dos serviços de saúde chineses com dados de passagens aéreas e deslocamento das pessoas.

No final de dezembro, antes da explosão de casos de infecção pelo coronavírus pelo mundo, a empresa canadense BlueDot se utilizou desses dados para lançar um alerta sobre a possível epidemia. Essa análise, se levada em conta por Governos de todo o mundo, auxiliaria no controle da entrada de voos chineses em aeroportos, por exemplo, com a realização de exames nos viajantes que demonstrassem sinais de infecção e o encaminhamento para o tratamento adequado.

2. Transporte urbano

Passar horas e horas no trânsito ou em vagões de metrô lotados é a realidade de grande parte das pessoas que vivem em grandes cidades. De acordo com uma pesquisa da Vitality, esse tempo gasto em deslocamentos, somado ao stress, traz diversas consequências negativas à saúde da população, como problemas de sono, falta de produtividade e depressão.

Dados podem e devem ser utilizados pelo poder público para melhorar a experiência de locomoção nos grandes centros urbanos. Tecnologias como a IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial permitem identificar os fluxos de passageiros nas linhas de metrô de uma cidade de acordo com o horário, a locomoção e a quantidade de pessoas, otimizando a operação dos trens e melhorando a qualidade de vida de todos.

3. Segurança

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria do início de 2018 mostra que a segurança pública é a maior preocupação de 38% dos brasileiros. Com a tecnologia, é possível buscar novas maneiras de combater a violência que assola o Brasil e faz grande parte da população se sentir insegura ao sair de casa.

Investir em infraestrutura de vigilância, como câmeras inteligentes, é importante. No entanto, para produzir políticas públicas realmente efetivas, é necessária a análise dos dados gerados por essas tecnologias.

Foi isso que fez a Polícia Federal da Alemanha (Bundespolizei), responsável pelo combate ao crime e o controle de fronteiras do país. Por meio de uma solução de armazenamento e gestão de dados, o órgão conseguiu agrupar a quantidade imensa de informações disponíveis e transformá-las em base para a tomada de decisões rápidas sobre prevenção da criminalidade, segurança de aeroportos e imigração.

“O investimento em tecnologia e pessoal para promover uma análise eficaz de dados nos mais variados setores públicos não pode ser visto como um simples gasto. Acima de tudo, é um passo à frente para evitar problemas que futuramente poderiam comprometer de verdade as contas públicas, como por exemplo uma epidemia”, avalia Bispo.